quinta-feira, 9 de julho de 2015



                   
 ComPLIcaDo  


Não sei o que se passa

Na cabeça dessa gente complicada,

Que sem dó e piedade,

Acaba matando aos poucos esta cidade.

Devagar destrói nossas florestas,

Aos poucos polui as águas,

Daqui a pouco

Ficaram sem respirar de verdade.

Complicadas são estas pessoas,

Que se esquecem que tudo

Que estão destruindo

É para nossa vida.

Complicadas são estas pessoas

Que descobrem tantas coisas,

Que fazem tanta evolução,

Que navegam pelo espaço
Sem pagar pedágio,

Mas que se esquecem de consertar

Esta mente humana complicada.

Porque são tão complicados,

Que não entendem que desse jeito

Nada sobrará, inclusive a humanidade.

Complicados...

segunda-feira, 22 de junho de 2015




SONHOS DE PALAVRAS



Não pense num mundo qualquer
Descubra aquilo que mereça ser descoberto
Viaje por todos os mares
Descubra a verdadeira poesia
Aquela que se esconde
Por de trás da colina
Aquela que um dia foi desconhecida.

A palavra é escrita
E junto à esperança de criar,
Os versos são perfeitos
Como um anjo a nos guiar
Iluminando os caminhos
Duros de andar.

Viaje pelo reino do saber
Descubra um mundo submerso
Lá estão escondidas,
As palavras da sabedoria,
Aquelas que transmitem a calma
E leva embora a melancolia.

Penetre pela natureza das palavras
Só elas podem levar-nos ao sonho
Da alma desterrada.
Ela deixa qualquer ser
Dentro de um sonho inerte
Transforma qualquer palavra
Em tudo que é eterno.

Espere até que o sonho seja descoberto
Juntamente com a alma da palavra
Tenha paciência e cautela,
Os sonhos são perfeitos
Estes caminham com as palavras
E não são soberbos.

Não prenda as palavras
Em uma única frase
Elas precisam ser escritas
Em todos os lugares,
Elas precisam estar sempre em contato
Com a alma humana.

Contemple as palavras
Abra a porta da eterna juventude
Descubra o mundo desconhecido
Da árvore da sabedoria
Entre no saber
E encontre a magia.




 autora: Joyce Silva





                                                              INDIFERENÇA


         O barulho dos carros, a agitação das pessoas, o corre-corre contra o tempo. Tudo e todos pensando na hora do almoço que já terminava, na prova de matemática, na reunião que começaria em poucos minutos, na conta de água que tinha vencido e que tinha esquecido de pagar. Tudo e todos agitados. Tudo e todos estressados, nervosos, inquietos, preocupados. Menos ela. Ela que com seu jeito simples e sereno, não se preocupava com o que as pessoas pensavam dela ou deixava de pensar. Apenas continuava os mesmos movimentos repetidamente.

         Mas as pessoas não ligavam para ela, ou melhor, nem percebiam sua presença. Estavam preocupados de mais com seus afazeres, com suas vidas que nem se quer tinham tempo de pensar em outras coisas. Em outras pessoas.

         E ela continuava ali. Ás vezes do seu pensamento surgia uma música que gostava. Gostava de cantar. Como gostava de cantar. Até tinha uma voz bonita, afinada. Cantar é bom, deixa o espírito mais leve. A música é capaz de transmitir muitas coisas, todos os sentimentos: amor, raiva, saudade.

         Todos os sentimentos.

         Resolveu parar um pouco. Sentia-se cansada. Sentou-se na beira da calçada. Dali via todos os carros, e de todos os modelos e anos. Que barulhão, motores ligados, buzinas, gritaria. Ai que poluição sonora!!!

         Levantou-se lentamente.

         Com os gestos tranquilos, suas mãos iam esfregando com um pedaço de sabão as poucas roupas que lavava. Nada de pressa! Nada. Afinal a água que escorria da sarjeta era pouca e lentamente ia enchendo o balde que ia servir para enxaguar as roupas. Sua vida pobre e humilde não lhe proporcionava o conforto de ter em casa água encanada. Seu pequeno quarto em que vivia, e que dividia com seus quatro irmãos, era o único refúgio que possuía nos dias de chuva, frio e até mesmo das noites escuras. Um quarto que abrigava uma família que lutava diariamente para uma vida mais feliz e sem tantos sofrimentos. Um quarto que acolhia sonhos... sonhos de ter uma casa grande, cheia de quartos, de ter uma cozinha, sala...Uma casa que teria uma geladeira farta...uma casa que teria um quintal para poder brincar. Mas aquele quartinho não tinha nada disso. Não tinha luxo. Nada de luxo.  Nada de dinheiro. Nada de conforto. Os dois colchões que ficavam no chão servia de cama, sofá, mesa para os 5 habitantes daquela casa. Nada de luxo... nada. Uma vida humilde e pobre, regrada de muito esforço. Todos os dias com suas roupas sujas seguia para a mesma rua e ali esperava ansiosamente a água que escorria pela sarjeta. Água essa que certamente alguém estaria esbanjando em algum lugar. Como alguém poderia esbanjar tanta água? Ela sabia quão importante era saber economizar e não desperdiçar. Ela sabia o quanto sonhava em ter em sua humilde casa, água que saísse das torneiras e com ela poder lavar o arroz, tomar banho, lavar as roupas. Quanto sonhava com este dia. E como sonhava. Mas enquanto este dia não chegava ela continuava ali, esperando a água escorrer pela sarjeta. E continuava sonhando com a água encanada. Sonhava.


Publicado no Livro: Ideias Soltas- Editora Apem- 2010- p.70
Publicado Jornal da Manhã de Marília/SP em 13/03/2011- Caderno 2


domingo, 22 de março de 2015

                                   
    Ser diferente é ser igual

         No último dia 21 de março, o Mundo comemorou o Dia Internacional da Síndrome de Down. O que ainda muitas pessoas não sabem, é que a Síndrome de Down não é uma doença.  A síndrome é causada por um erro na divisão das células durante a formação do bebê ainda quando é um feto.

         Apesar de muito se falar sobre o assunto, ainda há pessoas que persistem em achar que isso é contagioso, ou pior ainda, que uma pessoa que possui a síndrome não pode ter uma vida normal. Pelo contrario do que ainda muitos pensam, ela não é contagiosa e qualquer pessoa que tenha, vive normalmente. Essas pessoas vivem em sociedade como qualquer pessoa, e desenvolvem qualquer atividade, como: trabalhar, estudar, se divertir, namorar, casar, enfim, são pessoas como qualquer outra.

         É de extrema ignorância achar que essas pessoas devem viver isoladas do mundo. Uma opinião extremamente ignorante. Pessoas com a síndrome trabalham normalmente, como a atriz Joana Mocarzel, que interpretou a Clara, na novela Páginas da Vida, da rede Globo. Diversas outras pessoas como Joana vivem em sociedade e buscam o que qualquer outra pessoa quer: ser feliz.

         Julgar as pessoas pela aparência é não querer olhar para si mesmo, pois todos nós somos diferentes. Até mesmo as pétalas de uma rosa que parece serem idênticas, se olhada mais de perto, notar-se-á suas diferenças; ou uma pétala está maior que a outra, ou talvez esteja com a cor mais clara que as demais.

         Ninguém é igual a ninguém, somos diferentes e é está diferença que faz cada um de nós especiais. Cada um tem um dom, um carisma, um jeito de falar, de andar...um jeito de ser.         

         Quando olhei todas aquelas crianças da Apae felizes e alegres pelo fato de estarem vendo pela primeira vez uma peça de teatro, meu coração encheu de tamanha alegria, pois pude perceber em cada olhar uma felicidade sincera e que foi capaz de contagiar a todos que estavam ali. Não pude explicar, mas apenas sentir. E ao final da peça, quando recebi o abraço de uma delas, meu coração se encheu mais de alegria. Percebi naquele exato momento que seja qual for a nossa diferença, quando se ama, quando se busca a felicidade, tornamos iguais, e seja qual for o nosso problema, seremos sempre iguais. Tornamos iguais no amor eterno que sentimos pela outra pessoa, e pela felicidade que sempre buscamos.
         Vivermos em pleno século XXI achando que aqueles que possuem a síndrome de down são diferentes, é andar no retrocesso. É querer voltar em uma época em que nem água encanada tinha nas casas. É ser uma pessoa pequena. Pequena na ignorância e pequena mais ainda por possuir o preconceito.

         Não deve ser apenas no dia 21 de março a ser lembrado como o Dia Internacional da Síndrome de Down, mas em todos os outros dias do ano. Deve ser lembrado que há pessoas que apesar de terem uma síndrome, são iguais, e que certamente tem muito a nos ensinar, principalmente no amor que estas pessoas são capazes de transmitir. Ser diferente é ser igual.


Texto publicado no Jornal da Manhã em 01/04/2012- Coluna Vida Urbana