quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

 Roupas

         Escolher as coisas mais simples da vida pode algumas vezes causar algumas dúvidas. Dúvidas, pois vivemos na corrida contra o tempo e em um mundo capitalista, onde o glamour, a fama, torna peça fundamental que acaba movendo o cotidiano de muitas pessoas.
         Esquecemos das coisas simples, como em querer passear no bosque numa tarde de domingo, ou até mesmo sentar com os amigos em frente a uma fogueira e ali contar diversas histórias. Ou ainda varar a madrugada lendo um bom livro. Simples. São coisas simples, e que algumas vezes são deixadas de lado. E a simplicidade na sua maioria é julgada pela aparência.
         Vivemos sempre na busca de ganhar cada vez mais, em obter grande sucesso, pois infelizmente muitas vezes o dinheiro é quem dita se este ou aquele individuo tem mais “poder”ou não. E quando pensa em ter muito dinheiro, logo vem na mente a questão da aparência. As pessoas acreditam que ter muito dinheiro, é sinal de andar em um belo carro, ter roupas de marcas e sapatos de grifes. Mesquinho quem diz isso.
         Certa vez, ouvi uma história que me fez refletir sobre muitas coisas. Um dia, uma senhora que aparentava ter seus 60 anos, com vestimenta simples, entrou numa loja de eletrodomésticos. Logo que entrou, todos que ali estavam ficaram a olhando, mas a senhora calmamente começou a olhar os produtos. Uma das vendedoras pediu até mesmo para que o segurança da loja ficasse de olho na senhora, com receio de que ela pudesse roubar alguma coisa. Nenhum vendedor quis ir atendê-la, até que um deles, uma moça que estava no estoque, vendo tudo aquilo, foi até a senhora, e lhe ofereceu ajuda. A senhora a agradeceu e disse tudo o que precisava. Os outros vendedores ficaram olhando a cena e não acreditavam que aquela senhora poderia pagar por tudo aquilo que estava escolhendo.
         Ao final das compras, a senhora educadamente entregou seu cartão de crédito para o caixa que espantadamente olhou o nome que constava ali. Aquela senhora era de uma das famílias mais ricas da cidade. A vendedora que tinha lhe atendido atingiu a sua meta de venda daquele mês, e dos próximos três.
         Ao ir embora, os outros vendedores ficaram chocados e não puderam acreditar naquilo que tinha acabado de acontecer, mas mais envergonhados ainda ficaram, pois tinham julgado a senhora pela aparência.     
         E é assim. Diariamente julgamos as pessoas pela sua aparência. Pelas suas roupas.
         Aquela senhora usava as suas vestes mais simples. Os produtos que havia comprado não eram para ela, mas sim para doação. Iria doar para uma casa de asilo que tinha na cidade. Aqueles vendedores acreditavam que o fato de usar uma roupa simples, significava pobreza. Pobres são aqueles que julgam e acabam esquecendo que podem ser julgados. Temos que ver o que a pessoa realmente é através de seu caráter. Quantas vezes ouvimos pessoas de grande poder aquisitivo não ter caráter algum? Inúmeras. Mas é assim. Acreditamos que é através das roupas que se pode ver como realmente uma pessoa é. Enganam-se quem pensa assim.

Publicado no Jornal da Manhã: 05/02/2012- Caderno 2- Coluna Vida Urbana.    


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