quinta-feira, 4 de outubro de 2012


Seu Zé e o garotão


         Foi numa dessas eleições que seu Zé resolveu se candidatar para vereador. Como fazia mais de trinta anos que ele morava na cidade, conhecia cada canto dela e as necessidades de cada bairro.


         Sempre que tinha um tempo livre, procurava ir visitar os bairros e como gostava de conversar, sempre acabava sabendo o que as pessoas estavam precisando. Seu Zé sempre achou importante conhecer bem a cidade onde morava, acreditava que era dai que se podia ajudar quem precisava.


         Mas foi também neste mesmo período que um outro candidato começou a chamar a atenção do seu Zé.  Um candidato bem mais novo que ele, tanto na idade, quanto no tempo de vivencia na cidade. Um garotão. Sempre bem arrumado, começou a fazer sua campanha tentando conquistar a mulherada. Um sorrisinho aqui, um beijinho ali, assim era a campanha desse político, e seu Zé começou a desconfiar. Não pelo fato dele ser mais novo, mas sim pelas suas atitudes.


         Apesar de sua simplicidade, seu Zé entendia a linguagem do povo, sabia que as pessoas não queriam apenas palavras e promessas bonitas, mas sim atitudes. Seu Zé sabia que as pessoas queriam ver resultados. Que promessas eram ouvidas em todas as eleições, e que atitude mesmo, eram poucas.


         Mas voltando ao nosso político garotão, seu Zé desconfiado começou a observar suas promessas e as atitudes que aquele candidato estava tendo, e percebeu que não era nada de diferente de muitos outros políticos. Promessas que muitas ficariam apenas no papel e perdidas ao vento. Eram promessas que eram ouvidas em todas as eleições. Aquele garotão não estava se candidatando porque queria ajudar a cidade, aquele garotão estava se candidatando porque queria conquistar estatus. Aquele garotão queria ser vereador porque achava legal. Puro engano. Seu Zé não, ele pensava diferente; ele não ficava enchendo seu discurso de promessas, ele queria apenas atitude. Sabia que ser um representante do povo é coisa seria, e que não é brincadeira, é o interesse da população que está em jogo e por isso, seu Zé sabia o tamanho da responsabilidade que estava assumindo ao querer se tornar um vereador.


         - Não vou ficar aqui fazendo várias promessas e depois não poder cumprir nenhuma delas, conheço bem essa cidade e acredito que só é possível melhorá-la se sabermos quais são os seus verdadeiros problemas, pois bem, não quero fazer promessas, quero mostrar a todos vocês atitude. E era assim as palavras de seu Zé para conquistar seus eleitores. Seu Zé amava muito aquela cidade, e queria vê-la melhorar, crescer, desenvolver. Seu Zé não queria fazer promessas, ele queria fazer ação. Seu Zé queria mudar os rumos da cidade, mas mudar para melhor.


         Sem carro de som para fazer a sua propaganda eleitoral, e sem entrega de “santinhos”, seu Zé fez sua campanha através do boca a boca. Acreditava que era muito dinheiro jogado fora, além de grande desperdício de papel. A cidade ficava suja e ainda prejudicava o meio ambiente. Seu Zé queria que as pessoas votassem nele porque acreditava no trabalho que ia desenvolver, sempre no intuito de ajudar no desenvolvimento da cidade. Seu Zé e o garotão, dois políticos com características diferentes, mas apenas uma certeza: apenas um deles é que queria realmente ajudar a população.


          


Por: Joyce Silva    

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