domingo, 25 de dezembro de 2011

 Milagre de Natal


         
 Já era dez da noite; todos já dormiam. No jantar, nada de especial. Aquela família não esperava dar meia-noite para que todos pudessem se deliciar com uma ceia farta e festejar a Noite de Natal. Para eles o Natal era um dia a mais para desejar que dias melhores viessem. Pedro, o filho mais velho, não tinha mais a esperança de ver Papai- Noel lhe deixar um presente. Por muitas vezes tentou passar as noites de Natal acordado, esperando que o bom velhinho viesse e lhe deixasse um presente, mas acabava adormecendo, e quando acordava no dia seguinte, nada lhe tinha deixado Por essas noites esperançosas Pedro, com o passar do tempo, foi perdendo a vontade de esperar o velho Papai-Noel, e nem mais ficava acordado. Já Carlinha, a irmã caçula, tinha esperanças e todos os anos, na noite de Natal, antes de dormir, sentava em frente à janela e fazia uma pequena oração, pedindo para que o Papai Noel não se esquecesse dela e lhe trouxesse um presente. A mãe que ficava a escutar a filha rezar não conseguia esconder as lágrimas. Infelizmente não podia lhe comprar um presente. Sabia que, no dia seguinte, quando a pequena acordasse, novamente iria se decepcionar e, com o passar do tempo, iria perder a esperança, assim como Pedro. Mas naquela noite de Natal algo iria acontecer.
         Pedro não conseguia dormir; escutava pessoas falando alto, rindo. Sentia inveja delas, pois estavam felizes, e ele não. Levantou-se da cama, tinha vontade de fugir dali, ir para bem longe. Resolveu sair. Foi caminhando pelas ruas. Parou em frente a um presépio. Mas aquele presépio não estava ali e nunca estivera; achou estranho, e ficou a olhar aquela criança que inocentemente dormia numa simples manjedoura.
         - É, infelizmente as pessoas esquecem o verdadeiro significado do Natal - disse um senhor que acabara de parar ao lado de Pedro.
         Pedro ficou assustado, e já ia saindo dali quando o velho lhe disse.
         - Não se assuste menino, eu não vou lhe fazer mal. Também sou pobre assim como você, e só estou admirando este presépio - Ficou por alguns instantes em silêncio, e depois continuou - Já sei por que você está assim tão triste: Papai- Noel não lhe deixou presente.
         - Papai-Noel não existe, respondeu Pedro em tom seco.
         - Não fique assim! Infelizmente muitos de nós achamos que o Natal é dia de ter uma mesa farta, bonita, de ganhar presente e esquecemos o mais importante.
         - Mas isso tudo não é o mais importante?
         - Não, meu menino. Natal significa nascimento, vida nova, é tempo de esperança, de crermos que na vida o mais importante é o amor. Tempo de refletir e de esquecer o ódio, as guerras. É tempo de pensarmos na paz. E lembrarmos sempre do nascimento de Jesus. Você pensa que todos os anos são iguais, mas não é não. Cada dia que passa cresce no coração de sua mãe o amor por você e pela sua irmã. É preciso que tenha esperança e muito amor. Agora volte para casa.        
         Quando chegou a sua casa, Pedro teve uma grande surpresa: havia uma farta mesa e muitos presentes. A fé e a esperança estavam ali. Será que Papai-Noel tinha lembrado deles naquela noite? Não, alguém maior, que nunca havia esquecido, quis provar que, apesar de tantos problemas e decepções, é preciso ter esperança e, acima de tudo, saber amar.

Texto publicado no Livro Ideias Soltas- ano 2010, editora APEM e no Jornal da Manhã, 24 e 25/12/2011- Coluna Vida Urbana, Caderno 2.

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