Tempo
Passos apressados, aquele homem corria contra o tempo. Mal perceberá que o colarinho da camisa estava virado, mas isto para ele não importava. O que o preocupava é que estava atrasado, e que qualquer parada, por mais rápida que fosse, iria lhe causar maiores problemas. Afinal corria contra o tempo e não podia se atrasar.
Abriu a porta do carro, colocou a chave e deu partida. Mas nada, o carro não se mexia. Pensou em “xingar”, mas respirou fundo e foi tentar resolver o problema. Como foi idiota! Não tinha percebido que a gasolina tinha acabado, e que não tinha abastecido.
Resolveu então, chamar um táxi. Por sorte, um tinha acabado de passar. Gritou e logo o motorista voltou para apanhá-lo.
Disse o endereço e seguiram viagem. Se tudo corresse bem, não se atrasaria e conseguiria chegar no horário. Andaram algumas quadras, e logo à frente um engarrafamento. – É o que me faltava!!!- resmungou o taxista.
O homem começou a ficar nervoso. Seus olhos avermelharam de raiva, quis reclamar, porém calmamente começou a contar até 10 para conseguir se tranquilizar.
Que cidade aquela que, justo hoje, no dia em que estava mais atrasado, tudo estava dando errado! Pensou em castigo dos céus.
Passaram-se 15 minutos ali, parados, nenhum carro se movia até que felizmente os automóveis começaram a rodar.
- Parece ter sido um acidente - comentou o taxista. – E pelo jeito, foi muito sério!
Mas o homem nada respondeu, continuou quieto e olhando para o relógio.
Já havia se passado mais algum tempo, e finalmente haviam acabado de chegar ao destino. Pagou o táxi e entrou apressadamente por aquele prédio enorme. Mal cumprimentou o porteiro, que o olhou assustado, mas nada disse.
Entrou em sua sala e começou a trabalhar. Precisava de uma ligação. Interfonou para a secretária, para que ela a fizesse, mas ela não atendeu. Começou a ficar mais irritado ainda.
- Desta vez ela não escapa, será demitida. Eu mesmo farei a ligação.
Discou rapidamente alguns números, mas do outro lado da linha ninguém atendia.
Resolveu então, ir tomar um café. Saiu e viu todo o escritório vazio e com as luzes apagadas. Estava tudo muito quieto. Não ouvia nenhuma voz. Achou estranho e então resolveu averiguar. O que será que tinha acontecido?
Olhou para o relógio: já eram quase 10 horas, ainda não era o horário do almoço Em um impulso ligou na portaria para perguntar o que estava acontecendo. Onde estavam os outros funcionários?
- Por favor, me diga onde estão os outros funcionários? Não vejo ninguém aqui.
- Desculpe-me senhor, mas hoje ninguém trabalha - respondeu o porteiro.
- Como?!- Exclamou assustado.
- Ninguém esta trabalhando hoje, porque é domingo.
O homem, caindo em si, começou a chorar...
Texto publicado no Jornal da Manhã em 27/02/11- Caderno 2- Coluna Vida Urbana
Nenhum comentário:
Postar um comentário